Um estudo foi realizado pelo Laboratório de Big Data e Análise Preditiva em Saúde (Labdaps), parte da Faculdade de Saúde Pública da USP, com a finalidade de desenvolver um algoritmo capaz de prever os óbitos. Os resultados foram apresentados pelo Estadão, e mostram que a máquina foi capaz de acertar 70% de suas previsões.
“Uma ferramenta dessas pode ser usada por médicos e hospitais para iniciar tratamentos preventivos, determinar prioridades de internações e realizar intervenções clínicas”, diz Alexandre Chiavegatto Filho, diretor do Labdaps e responsável pelo estudo.
Para fazer as previsões, a inteligência artificial do Labdaps teve de ser alimentada com dados.
O sistema analisou informações do estudo Saúde, Bem Estar e Envelhecimento (Sabe), organizado pela Organização Pan-Americana da Saúde: o levantamento acompanha, desde o ano 2000, 2.808 mil idosos residentes na cidade de São Paulo.
A cada cinco anos, eles geram uma batelada de informações, por meio de questionários, exames médicos, avaliações funcionais e antropométricas.
Na primeira fase, o algoritmo analisou informações de 70% dos idosos do grupo de estudo, verificando 37 variáveis presentes apenas no questionário. Algumas delas eram pouco óbvias — como, por exemplo, a dificuldade do idoso para ir ao banheiro.
A ideia não era necessariamente encontrar relações diretas entre as perguntas, mas sim analisar um cenário mais amplo que possa levar à morte dos pacientes. A partir desses dados, o sistema começou a tirar suas próprias conclusões sobre o que leva alguém a óbito, podendo detectar padrões e relações pouco claras para um ser humano.
Depois disso, para verificar sua eficácia, a máquina foi confrontada com os dados iniciais dos outros 30% para fazer previsões. É como se uma criança na escola tivesse estudado sete exercícios, e, a partir disso, fizesse uma prova com outros três.
O resultado foi que, das 118 mortes que tinham acontecido dentro dos idosos do segundo grupo, o sistema foi capaz de prever 83 delas.
É inevitável que com o tempo essa tecnologia se aprimore e que seja ainda mais poderosa, podendo prever até a causa da morte.